"CIDADE DO SILÊNCIO!"

No norte do México, estado de Chihuahua, fronteira com o Texas, nos Estados Unidos, há um lugar de nome “Cidade Juarez”. É uma cidade com cerca de 1.300.000 habitantes, cuja economia gira em torno de indústrias montadoras de equipamentos eletrônicos destinados a exportação, onde a maioria de trabalhadores são mulheres. Essas operárias são remuneradas com baixos salários, com eles sustentam suas famílias e tentam fugir da pobreza absoluta enfrentando um regime de trabalho de quase escravidão. Seria um lugar semelhante a muitos outros lugares sabidos do mundo onde mulheres ainda são subestimadas em relação a sua força de trabalho. Não fosse um, porém.  Cidade Juarez é uma cidade sob ameaça para sua população feminina, que vem sendo cruelmente aniquilada desde 1993. Segundo dados da Anistia Internacional, organização que promove a defesa dos direitos humanos em todo o mundo, de 1993 a 2006, 398 mulheres de Juarez foram assassinadas. A maioria dos casos de morte ou desaparecimento ocorreu quando as mulheres estavam indo ou voltando de seus trabalhos nas fábricas. Segundo informações não oficiais, há cerca de 600 mulheres desaparecidas em Juarez.
Para nos deixar ainda mais indignados, há o fato de que todos os cadáveres de mulheres que foram encontrados revelam que foram elas foram vítimas de violências sexuais, mutiladas e desfiguradas e todas elas foram estranguladas, sendo que nem todas  puderam ser identificadas. Pior. Ficaram desaparecidas por um dia e até semanas, até que o corpo fosse encontrado e, segundo exames, a maioria das mortes ocorreu dias após o desaparecimento, o que significa que passaram por momentos de tortura, de orgias sexuais e outros padecimentos.
Quando tomamos conhecimento de um fato dessa natureza, tão recente na história mundial, logo queremos saber se esses assassinatos foram investigados, se encontraram os culpados. Sabe-se que predomina um grande silêncio na Cidade Juarez. Prevalece o medo. Quando foram encontrados os primeiros corpos, muitos deles irreconhecíveis fizeram uma investigação, um homem de origem egípcia foi acusado e condenado a 30 anos de prisão. No entanto, há indícios de que existem falhas no processo de julgamento dele, que sempre se disse inocente. Além disso, as mortes, ao invés de acabarem após a prisão do acusado, aumentaram.
Segundo um criminologista, pelo menos 60 assassinatos ocorridos de 1993 a 1999, foram executados seguindo um padrão semelhante, por 2 matadores, da espécie de “serial killers”. (Uma vítima escapou, após ser raptada, torturada e abusada por dois homens, por ter sido tida como morta, após enforcada por um deles.) Mas, e os outros casos? _ indagam pessoas ligadas a Anistia Internacional. Os matadores cometem crimes por desejo de imitação? Por que razão os corpos são mutilados, desfigurados? Qual a razão de tanto sadismo, tanta brutalidade? Seriam rituais satânicos? Em troca de quê? Os assassinos seriam vendedores de órgãos? O que se tem como resposta mostra-se mais tenebroso........
Diversos depoimentos sigilosos apontam que os policiais do estado de Chihuahua ameaçam a população, têm ligação com alguma máfia de traficantes de drogas, de jóias ou de contrabandistas ou com falsos proprietários de montadoras de eletrônicos ou casas noturnas, com negócios de fachada. Enfim, tudo de mais podre que se pode imaginar entre seres (que deveriam ser) humanos. Sabe-se que jornalistas, advogados, juízes, pessoas que tentaram investigar sobre os homicídios de mulheres receberam ameaças de morte com a finalidade de desistirem de levar adiante a tarefa. Alguns foram assassinados. Sabe-se também que diversos  grandes empresários financiaram matadores de aluguel para raptar mulheres, para que eles pudessem usá-las em orgias sexuais e depois serem  mortas. O governo e a polícia coagem a imprensa que não denuncia esses horrores para o mundo e o povo da cidade, temeroso, cala-se.
Em 2006, um diretor de cinema americano, Gregory Nava, conhecedor dos casos ocorridos em Juarez, resolveu fazer um filme com a intenção de denunciar o fato ao mundo. Convenceu a cantora e atriz Jennifer Lopez a participar da produção e também como a atriz, convenceu também o Antonio Banderas. Outros atores mexicanos e espanhóis e a brasileira Sônia Braga também foram convidados a participar da gravação. Antes mesmo de ser realizado, o filme começou a incomodar. Muitas barreiras foram postas durante as filmagens, equipamentos foram destruídos e a equipe teve de trabalhar com proteção de seguranças. Lopez e Banderas não puderam filmar cenas em Cidade Juarez, devido a diversas ameaças.
Apesar da presença de Antonio Banderas e Jennifer Lopez no filme, o mesmo não conseguiu fazer grande sucesso, após seu lançamento mundial no Festival de Berlim, com o nome “Bordertown”. Suspeita-se de bloqueios na rede de distribuição. No Brasil, o filme foi lançado recentemente em DVD, com o título “Cidade do Silêncio”.
O filme traz a informação “pois este filme foi baseado em fatos reais acontecidos em Cidade Juarez, no México”. Onde centenas de mulheres foram raptadas no caminho do trabalho, cerca de 400 foram encontradas mortas, mutiladas, deformadas e não há reais culpados no caso. Dezenas de corpos foram localizados em lugares desertos, em covas coletivas. Justificativas como “violência doméstica, criminalidade, uso de drogas, mulheres que caminhavam por lugares ermos” são dadas quando identificam corpos. São fatos tão duros para serem reais que me levaram a pesquisar, torcendo para que fosse fictícios ou coisa de cinema....... Acontece que os fatos são mesmo reais. Os mais tristes. O cinema não chegou a mostrar os quão reais eles são.
Cidade do Silêncio (Bordertown) está aí para falar de enormes interesses econômicos em jogo, de empresas de fachada e governos que não se interessam por crimes cometidos contra seres humanos, unicamente para que seus negócios não sejam prejudicados. Está aí também para denunciar uma total impunidade que parece estar tomando conta de governos e da justiça do mundo inteiro. O que podemos fazer para que tais coisas não mais aconteçam?



No dia 9 de março deste ano, cerca de 500 pessoas, incluindo mães de jovens assassinadas ou dadas como desaparecidas, participaram de uma marcha de protesto pelas ruas do México contra a impunidade de muitos dos crimes cometidos contra mulheres.
Gritando “slogans” como: “Foram levadas vivas, e vivas as queremos!”, os manifestantes aproveitaram a celebração do Dia Internacional da Mulher para denunciar os mais de 4.000 assassinatos de mulheres registrados nos últimos 6 anos, em apenas 13 Estados do país.
Vestidas com túnicas cor-de-rosa, com as fotos de suas filhas e exibindo informações relativas ao seu desaparecimento, exigiram nas ruas uma investigação mais aprofundada por partes das autoridades mexicanas.
Para a cidade Juarez, uma das mais atingidas pelos casos de assassinatos de mulheres ao longo dos últimos 20 anos, seguiu, por exemplo, um grupo composto por duas dezenas de familiares de jovens dadas como desaparecidas, que efetuou uma viagem de quase um dia de carro para marcar presença no protesto.
Rosa María Apodaca, mãe de uma jovem que desapareceu em 2011 a caminho  do local de trabalho, ou Juana Ybarra, mãe de Gabriela Espinosa, de quem  não se sabe nada há dois anos, foram algumas das participantes. 
A marcha, que partiu da Cidade do México, seguindo rumo ao Estado de  Chihuahua (onde se localiza Cidade Juaréz), contou com a adesão de inúmeras  organizações não-governamentais.



Sinopse

Baseado numa história verídica, o filme narra a história de Lauren (Jennifer Lopez), uma jornalista norte-americana que vai ao México determinada em descobrir a verdade sobre as centenas de mortes de mulheres em Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos. Em Juárez, ela conhece Diaz (Antonio Banderas), com quem ela tinha trabalhado seis anos antes, editor do jornal local El Sol de Juárez. A sua investigação vai levá-la a descobrir factos chocantes e colocar a sua própria vida em risco.[1]

Dados complementares



FONTES:
http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/592490
http://sicnoticias.sapo.pt/vida/2013/03/09/centenas-de-pessoas-protestam-contra-impunidade-de-crimes-contra-mulheres-no-mexico

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